Aprenda a lidar com pessimistas
Irradie o otimismo ao seu redor para não se deixar contagiar com o pessimismo
por Ômar Souki
Se você é um otimista inveterado, vai considerar até mesmo o convívio com um pessimista uma oportunidade de crescimento. Talvez pareça um contra-senso, mas não é. Na verdade, o pessimismo é uma “doença” que pode ser curada. O pessimista provavelmente é alguém de quem dependemos, como um chefe imediato ou um técnico qualificado. Em outras situações, pode ser também um ser muito amado, como o cônjuge ou um filho. Nos dois casos, precisamos salvar as pessoas das garras dessa enfermidade.
Os males do pessimismo
Martin Seligman realizou uma extensa pesquisa sobre o otimismo e publicou o livro Aprenda a Ser Otimista, da editora Record. Ele comprovou cientificamente que o otimismo é uma benção e que o pessimismo pode nos causar sérios danos. Dentre os resultados do estudo de Seligman, estão os seguintes:
» O pessimismo provoca depressão.
» Produz inércia, em vez de atividade diante dos reveses.
» É identificado com o lado ruim da vida: tristeza, abatimento, preocupação e ansiedade.
» Os pessimistas não persistem diante dos desafios e, por isso, freqüentemente fracassam, mesmo quando o sucesso é alcançável.
» O pessimismo é associado à saúde precária.
» Os pessimistas são derrotados quando se candidatam a cargos públicos.
» As coisas, em geral, tendem a não dar certo para eles. Isso porque antes de partir para a luta, antecipam o revés e o transformam em desastre e o desastre em catástrofe.
Mesmo sabendo dessas conseqüências, até o mais otimista dos otimistas pode ter uma baixa de imunidade e pegar o danado do pessimismo. Durante o dia, oscilamos entre fases mais ou menos animadas. Nosso nível de otimismo não se mantém estável. Assim que nos levantamos, a tendência é para o desânimo e à medida que o dia avança, o nosso otimismo cresce e atinge seu pico por volta das dez horas da manhã. Lá pelas quatro horas da tarde, o nosso ânimo baixa para subir novamente no início da noite.
Outra queda de otimismo ocorre de madrugada, às quatro horas. É quando algumas pessoas acordam e ficam ruminando os problemas – contas a pagar, projetos inacabados, brigas em família, deslealdade do concorrente, doença do filho, etc.
Altos e baixos – Os ciclos do otimismo têm um propósito construtivo. Em sua forma branda, o pessimismo pode nos proteger de exageros e impedir que tomemos atitudes precipitadas e insensatas. Quando temos surtos de otimismo, podemos, algumas vezes, distorcer a realidade ao nosso favor. Nesses momentos, uma pitada de pessimismo pode até fazer bem.
Outra coisa: a variação de humor ocorre também de um dia para o outro. Há dias em que estamos vibrantes, com vontade de conquistar o mundo, e outros em que estamos desanimados, sem vontade de levantar da cama. Portanto, passamos a vida nessa tensão dinâmica entre o pessimismo e o otimismo. Isso é natural.
Seu otimismo faz a diferença na vida das pessoas
Voltando à pergunta “como lidar com os pessimistas quando não podemos afastá-los de nosso convívio?” Tendo a paciência de ensiná-los a ser otimistas. O pessimista tem um diálogo interno negativo: “O que é que vai adiantar?”, “Para que insistir?”, “Só estou piorando as coisas”. Por isso, desistem diante da adversidade. O papel do professor de otimismo deve ser questionar as crenças negativas do pessimista.
Numa situação em que o pessimista está prestes a desistir, você pode entrar com uma argumentação gentil, mas oposta à dele: “Adversidade não precisa necessariamente ser uma coisa ruim, pode até ser um estímulo para nos empenhar mais, ganhar mais dinheiro, cuidar melhor da saúde, etc.”, “Conheço uma pessoa que, perante um desafio como esse, não esmoreceu, tomou tais e tais providências e se saiu muito bem”.
Com amor e paciência, alegria e coragem, zelo e persistência, podemos dia a dia tratar da ferida pessimista que se abriu no coração do amigo, chefe, esposa, colega e filha. Enfim, estamos no mundo para cuidar uns dos outros. Uma atitude otimista contra o pessimismo de nossos semelhantes pode ser a nossa maior contribuição para a construção de um mundo melhor.
Não desista de seus projetos
No filme À Procura da Felicidade, o ator Will Smith faz o papel de Chris Gardner, um vendedor fracassado de São Francisco, que vive no limite da pobreza. Ele encontra barreiras quase intransponíveis entre os médicos que visita, para os quais tenta vender seu produto: uma máquina de medir densidade óssea.
O personagem de Will deve meses de aluguel, mensalidades da escola do filho e não consegue acertar as contas com o Imposto de Renda. Para piorar a situação, sua mulher – cansada de trabalhar em vários turnos para colocar comida em casa – o abandona. Assim, Chris precisa criar o filho de cinco anos sozinho. A seu favor, ele tem apenas duas coisas: um otimismo inquebrantável e o sonho de se tornar analista financeiro. Para realizá-lo, participa durante seis meses de um programa de treinamento muito competitivo – e sem salário – no qual somente um, de um total de 20 candidatos, conseguirá ser efetivado.
A situação fica muito pior e Chris é despejado do apartamento em que vive. Passa a dormir nas ruas, em abrigos comunitários e até mesmo em banheiros de estações de metrô. Entretanto, ele jamais abandona o filho, a profissão de vendedor e seu sonho. Para onde vai carrega o menino, uma máquina e o livro que o orienta no estágio. Enquanto não está tentando vender, estuda ou brinca com o filho. Finalmente, consegue algumas vendas e pode respirar aliviado. Mas sua tenacidade é recompensada: é efetivado como analista financeiro e consegue a tão almejada felicidade.
O que mais fascina na história de Chris? A sua perseverança. Embora o filme seja baseado em uma história que realmente aconteceu, é raro encontrarmos pessoas como ele. Pelo contrário, muitos projetos são abandonados porque seus idealizadores acharam que não podiam, negócios são perdidos em virtude do medo de tentar mais uma vez. Como adquirir coragem para tentar mais uma vez – e sempre? O que fazer para desenvolver um otimismo semelhante ao de Chris? Confira quatro maneiras de levar seus projetos adiante:
1. Blindagem contra os pessimistas de plantão
A mulher de Chris não acreditava nele. Quando ele lhe disse que seria analista financeiro ela respondeu: “Por que você não vai ser astronauta?”. Em outras palavras: “Você ficou louco?”. Em vez de se entregar e dizer “é mesmo, você tem razão, eu sou um fracassado”, ele ia para a porta do prédio onde sonhava trabalhar e se inspirava no sorriso das pessoas, na forma com que se vestiam e em seus jeitos de ser. Enfim, ele queria ser um deles e acreditava que iria conseguir.
2. Jamais negue um favor
Embora pressionado por todos os lados e competindo ferozmente com os colegas de estágio, Chris foi capaz de manter, durante toda a sua luta, o domínio próprio. Mesmo com menos condições e menos tempo para estudar arranjava tempo para brincar com o filho e se mostrava extremamente solícito com clientes e superiores. Enfim, conseguia vencer o cansaço e focar sua atenção nas necessidades dos outros. Com isso, criou em seu entorno pessoas que torciam a seu favor e não contra.
3. Desapegue-se do passado
Em sua trajetória, Chris demonstra um incrível desapego. Durante o filme, foi despejado duas vezes, reduzindo suas posses a um filho, uma máquina de medir densidade óssea, uma mala e dois ternos. Mas seu sonho o fazia superar as dificuldades e ter força e vitalidade insuperáveis – como se já o tivesse conquistado. Não olhava para trás.
4. Agradeça sempre
No momento em que foi chamado para receber a notícia de que tinha sido o escolhido, Chris estava ocupado ligando para cada um de seus clientes, agradecendo por terem comprado ações dele. Para cada cliente, tinha uma palavra de agradecimento sincero. Ele estava agradecendo antecipadamente por algo que seus clientes tinham o ajudado a conquistar: a felicidade!